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terça-feira, 4 de maio de 2010

ORDEM CARMELITA PROCESSA PADRE ACUSADO DE PEDOFILIA NA ESPANHA

De acordo com a Conferência Episcopal Espanhola, este é o primeiro caso em que uma instituição católica toma a iniciativa de levar um religioso à Justiça antes que a vítima o faça.
Os frades dizem que estão seguindo os conselhos do Papa Bento 16 de denunciar à Justiça civil os abusos sexuais dentro da Igreja.
Os promotores investigarão as alegações de que o padre no centro da polêmica cometeu abusos contra um coroinha menor de idade que colaborava com ele durante os fins de semana na paróquia da cidade de Burriana.
Entre os depoimentos entregues aos promotores estão trechos em que o coroinha descreve cenas de masturbação e episódios em que o padre teria tentado tocá-lo no ano de 2007.
A suposta vítima afirmou que decidiu contar o "pesadelo" aos pais depois de ter sido trancado a cadeado em um quarto e forçado a ter relações sexuais.
O sacerdote responsável pela Ordem dos Carmelitas Descalços, Pascual Gil, disse à BBC Brasil que "esta denúncia não prejudica a imagem da Igreja".
"Pelo contrário, ajuda a mostrar que não estamos de olhos vendados e que pretendemos evitar que atos como este voltem a ocorrer", disse o sacerdote.
O padre explicou que a medida só foi tomada agora porque somente há poucos dias a congregação ficou sabendo do caso.
"A família tinha se mudado para o Peru, aterrorizada pela situação, e agora no dia 26 de abril, em uma visita à Espanha, o pai decidiu abrir o coração e nos contar o drama que nos afeta a todos", disse o religioso.
"Conversamos com o sacerdote acusado e decidimos que nossa obrigação era atuar pela via canônica, de acordo com a doutrina do Vaticano, e também pelo caminho do direito civil, porque é um delito que deve ser julgado pelas autoridades competentes."
Pascual Gil disse ainda que o acusado pediu aos seus superiores um "gesto de reconciliação, aceitando a culpa dentro do fórum religioso para evitar o escândalo". Entretanto, a ordem insistiu em levar o caso à Justiça civil.

Além de ter sido afastado da congregação e da província, o padre foi proibido pelo clero de ter contato com menores de idade sem estar acompanhado por outros adultos e de celebrar sacramentos religiosos.
As medidas cautelares também lhe proíbem de manter qualquer comunicação com a vítima e seus parentes até o julgamento.
Pressões
Para o sociólogo Fernando Vidal, catedrático da Universidade de Comillas, a Ordem dos Carmelitas de Valencia deu um passo de "grande valentia".
"É verdade que o Papa Bento 16 recomendou aos religiosos recorrer à Justiça, e foi um gesto para tentar calar muitas críticas. É diferente quando uma instituição tem a coragem de dar este passo", disse à BBC Brasil.
Para Vidal, "ninguém negará que o silêncio provoca a impunidade e alimenta que se cometam mais delitos, mas a denúncia também tem consequencias".
O sociólogo acredita que os denunciantes "provavelmente receberão elogios, mas também pressões e críticas."
Os primeiros elogios surgiram do grupo católico Corrente Somos Igreja. O porta-voz da organização, Pepe Moreno, disse à BBC Brasil que atitude dos frades carmelitas é "um sopro de renovação dentro do ciclo de dupla moral do Vaticano, depois de longas etapas de acobertamento, permissividade e inexplicável tolerância com a pedofilia".
O grupo, que mantém uma postura crítica em relação às doutrinas do Vaticano, espera que o processo seja "apenas o primeiro de muitos que devem ser abertos", mas não acredita que tantas ordens religiosas tenham a mesma atitude.
"Enquanto a Igreja esconder seus abusos, enquanto houver gente minimizando a importância dos delitos de pedofilia e não houver uma mudança radical por parte de todo o clero, esse caso, infelizmente, será um em um milhão. E por isto deve ser aplaudido por toda a sociedade."FONTE BBC BRASIL

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